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Tênis em Cadeira de Rodas: como funciona o esporte presente nas Paralimpíadas desde 1992

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O tênis em cadeira de rodas está presente nas Paralimpíadas desde 1992, sendo uma adaptação do tradicional esporte de tênis. Em outras palavras, a modalidade é especificamente para atletas com deficiências de locomoção. 

No tênis em cadeira de rodas, o único requisito para competir é o diagnóstico de uma deficiência relacionada à locomoção, que resulta em perda total ou substancial da função de uma ou mais partes do corpo. 

Isso impede a participação em competições convencionais de tênis, nas quais a mobilidade na quadra não é viável. A modalidade recebe regulamentação da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) no Brasil, enquanto internacionalmente é administrada pela Federação Internacional de Tênis (ITF).

Qual é o objetivo do tênis adaptado?

O objetivo do tênis paralímpico é proporcionar uma modalidade esportiva inclusiva e competitiva para pessoas com deficiência de locomoção. Dessa forma, através deste esporte, os participantes podem desenvolver habilidades físicas, mentais e sociais, além de promover a integração e o respeito pela diversidade. 

Além do tênis em cadeira de rodas, existem outras modalidades de tênis adaptadas que visam promover inclusão e acessibilidade para pessoas com diferentes tipos de deficiência:

  1. Tênis para deficientes visuais: os jogadores utilizam bolas com guizos para poderem acompanhar sua trajetória auditivamente. 
  2. Tênis adaptado para deficientes intelectuais: inclui regras específicas para garantir uma competição justa e acessível para esses atletas. 
  3. Tênis em cadeira de rodas elétrica: os competidores utilizam cadeiras de rodas motorizadas adaptadas para maior mobilidade e autonomia durante o jogo. 

Cada uma dessas modalidades adapta o esporte de maneiras distintas. Desse modo, existem oportunidades para todos os praticantes desfrutarem dos diversos benefícios proporcionados pelo tênis.

Dessa maneira, o tênis adaptado oferece oportunidades para os paratletas competirem em diferentes níveis, desde amador até profissional, seguindo regras adaptadas que permitem uma prática esportiva justa e emocionante.

Qual é a origem do tênis em cadeira de rodas?

Nascimento do tênis em cadeira de rodas

Enquanto o tênis convencional, tal como o conhecemos hoje, teve suas origens no século XIX, o tênis em cadeira de rodas é consideravelmente mais recente. Criado em 1976 por Brad Parks e Jeff Minnenbraker, nos Estados Unidos (EUA), o esporte surgiu após Parks, um ex-atleta de esqui, sofrer uma lesão medular que o deixou paraplégico. 

Durante sua reabilitação, ele começou a explorar o uso da raquete, dando origem à ideia de uma nova modalidade esportiva. Em menos de um ano, o primeiro torneio aconteceu na Califórnia, marcando o início da difusão rápida da modalidade nos EUA. Por sua vez, em 1980, ocorreu o primeiro campeonato nacional da modalidade, consolidando ainda mais sua presença no país.

Estreia nas Olímpiadas

A Federação Internacional de Tênis em Cadeira de Rodas (IWTF) nasceu em 1988, coincidindo com o avanço do esporte em direção à inclusão nos Jogos Paralímpicos. A modalidade participou pela primeira vez como exibição nos Jogos de Seul no mesmo ano. 

Em um marco significativo, a IWTF se integrou à ITF em 1991, que, desde então, é responsável pelo tênis em cadeira de rodas. No ano seguinte, nas Olimpíadas de Barcelona em 1992, o tênis em cadeira de rodas foi oficializado como modalidade paralímpica, competindo pela primeira vez por medalhas.

Uma estrela: Esther Vergeer

Esther Vergeer, a holandesa lendária do tênis em cadeira de rodas, deixou um legado imbatível ao se aposentar em 2013. A paratleta tem reconhecimento mundial por conquistas extraordinárias nos Jogos Paralímpicos. A atleta acumula quatro títulos em provas simples e três de provas duplas em Londres, 2012, e Sidney, em 2000. 

Vergeer era imbatível em quadra, com um registro impressionante de 700 vitórias e apenas 25 derrotas ao longo de sua carreira. O ápice de sua trajetória foi uma invencibilidade notável de 10 anos, sem perder uma única partida desde janeiro de 2003, totalizando 120 títulos consecutivos e apenas 18 sets perdidos em 470 jogos. 

Assim, a premiação anual Laureus, muitas vezes comparada ao “Oscar do esporte”, nasceu em 1999 pela Laureus Sport for Good Foundation, uma organização global que usa o poder do esporte para promover mudanças sociais positivas ao redor do mundo. E Vergeer recebeu cinco nomeações ao prêmio, ganhando ganhando duas vezes e solidificando seu status como uma das maiores atletas paralímpicas de todos os tempos.

Tênis em cadeira de rodas no Brasil

No Brasil, José Carlos Morais foi o pioneiro no tênis em cadeira de rodas, descobrindo o esporte em 1985 enquanto competia na seleção de basquete em cadeira de rodas na Inglaterra. Onze anos depois, Morais e Francisco Reis Junior representaram o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Atlanta, marcando a estreia brasileira oficial na modalidade.

Como funciona o tênis paralímpico?

O tênis paralímpico adapta o tênis convencional para atletas com deficiências físicas seguindo regras similares às do tênis convencional, com exceção de uma regra que permite a bola quicar duas vezes antes de ser devolvida. 

As cadeiras de rodas são especificamente projetadas para equilíbrio e mobilidade, enquanto as competições incluem provas de simples e duplas em quadras e com equipamentos padrão. As quadras e equipamentos (raquetes e bolas) são os mesmos usados no tênis convencional, garantindo consistência e padronização nas competições.

Dessa forma, existem duas principais categorias:

  1. Open (ou Aberta): para atletas com deficiência nos membros inferiores.
  2. Quad (ou Tetra): para atletas com deficiência em três ou mais extremidades do corpo.

Quais são as regras do tênis em cadeira de rodas?

O tênis em cadeira de rodas apresenta muitas semelhanças com o tênis convencional, mas, como mencionado anteriormente, há uma diferença fundamental: a “regra dos dois quiques”. Segundo essa regra, o jogador em cadeira de rodas deve enviar a bola para o lado oposto antes que ela toque no chão pela terceira vez. 

Por fim, as quadras seguem os mesmos padrões utilizados em competições convencionais, proporcionando um ambiente competitivo e acessível para os participantes.