Definitivamente um dos maiores nomes da história do esporte no Brasil, Adhemar Ferreira da Silva fez história sendo o segundo atleta brasileiro a conquistar uma medalha na competição, além de ser o primeiro sul-americano a tornar-se bicampeão no evento e também o único no país a entrar no Hall da Fama do Atletismo.
Sem a menor sombra de dúvidas ele foi um atleta de elite. Mas, seus grandes feitos não param por aí. Ao longo de sua carreira, Adhemar também quebrou cinco vezes o recorde mundial do salto triplo e foi tricampeão dos Jogos Pan-Americanos, sem contar que foi o criador da famosa volta olímpica.
Além disso tudo, o atleta também era poliglota e um verdadeiro erudito. Ele chegou a estudar Escultura na Escola Técnica Federal de São Paulo, Educação Física na Escola do Exército, Direito na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil e Relações Públicas na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero.
Por fim, também foi adido cultural — funcionário diplomático de assuntos culturais — na embaixada brasileira em Lagos, Nigéria, e atuou na peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes, e no filme franco-italiano Orfeu Negro, de 1959, que venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e a Palma de Ouro no Festival de Cannes.
Quem foi Adhemar Ferreira da Silva?
Adhemar Ferreira da Silva nasceu em São Paulo, no dia 29 de setembro de 1927, mas só começou a competir em 1947. Neste mesmo ano, entrou no esporte pela equipe de atletismo do São Paulo, simplesmente porque gostou da sonoridade da palavra “atleta”.
Sendo assim, depois de receber instruções básicas e realizar alguns treinos, impressionou o técnico Dietrich Gerner em um salto de 12,9m e, com isso, foi competir no Troféu Brasil em 1947, competição em que obteve a marca de 13,05m. Em 1948, foi selecionado para fazer parte da Seleção Olímpica Brasileira, onde terminou em oitavo lugar no salto triplo.
Dois anos depois, em dezembro de 1950, saltou 16m e igualou o recorde mundial do japonês Naoto Tajima, que estava em vigor desde 1936. Isso mudou em 30 de setembro de 1951, quando quebrou o recorde com 16,01m no Rio de Janeiro. Antes disso, também havia conquistado o ouro no salto triplo dos Jogos Pan-Americanos de 1951.
Em especial, esses últimos resultados o tornaram o favorito absoluto para levar o ouro na Olimpíada de Helsinque de 1952, e o atleta não decepcionou, pois além de ficar em primeiro lugar, também estabeleceu dois recordes mundiais na final — 16,12m na segunda rodada e 16,22m na quinta. Na realidade, ele chegou a quebrar quatro, já que fez 16,09m na quarta rodada e 16,05m na rodada final. Isso tudo foi muito notável pois até o momento, apenas dois atletas haviam alcançado a marca dos 16m, o japonês Naoto Tajima e o próprio Adhemar.
Em 1955, o atleta mudou-se para o Vasco.
Participações nos Jogos Olímpicos
Bom, depois de um resultado não tão satisfatório em sua primeira Olimpíada, em Londres, a alegria de Adhemar Ferreira da Silva em bater o recorde mundial quatro vezes nos Jogos Olímpicos de Helsinque, na Finlândia, foi enorme. Isso fez com que o atleta corresse os 400m da pista atlética para agradecer aos aplausos que recebeu, assim criando a famosa volta olímpica.
Em sua terceira aparição, em 1956, quase teve seu desempenho afetado por uma dor de dente. Porém, depois de ir ao dentista e resolver o problema, enfrentou o islandês Vilhjálmur Einarsson e venceu com a marca de 16,35m, o que o tornou o primeiro brasileiro bicampeão olímpico.
Para se ter uma noção, só igualaram sua marca 48 anos depois, quando os iatistas Robert Scheidt, Torben Grael, Marcelo Ferreira e os jogadores de voleibol Giovanni e Maurício se tornaram bicampeões olímpicos, nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004.
Depois disso, em sua terceira edição, desta vez nos Jogos Olímpicos de Verão de Roma 1960, enfrentou problemas pulmonares não diagnosticados que o impediram de passar já nas eliminatórias. Aos 33 anos, o atleta sofria de tuberculose graças ao maço de cigarro diário que fumava desde os 16 anos.
Quais foram as conquistas de Adhemar Ferreira da Silva?
Além de ser o primeiro bicampeão olímpico brasileiro (Helsinque 1952 e Melbourne 1956), o primeiro atleta sul-americano bicampeão olímpico em eventos individuais, recordista mundial de salto triplo cinco vezes e o primeiro atleta a quebrar a barreira dos 16m no salto triplo, Adhemar Ferreira da Silva também conquistou muitos outros títulos no atletismo.
Para começar, foi também tricampeão nos Jogos Pan-Americanos (Buenos Aires 1951, Cidade do México 1955 e Chicago 1959). O astro também é pentacampeão sul-americano, venceu o campeonato luso-brasileiro, em Lisboa em 1960, foi dez vezes campeão brasileiro e acumulou mais de quarenta títulos e troféus internacionais e nacionais.
Como se isso tudo já não fosse o suficiente para comprovar seu sucesso e sua grandiosidade em vida, é preciso lembrar de suas diversas conquistas acadêmicas, de sua atuação como diplomata e, por fim, que ele também atuou em uma única peça e um único filme, mas ambos com alto impacto e relevância cultural.