A história do futebol feminino no Brasil é muito mais do que um assunto esportivo. Afinal, trata-se também de uma questão política. Isso porque o futebol feminino já foi proibido no Brasil. As mulheres travaram e ainda travam batalhas pelo reconhecimento da modalidade no país.
Ainda assim, em meio a tantos obstáculos, a Rainha Marta foi seis vezes a melhor jogadora de futebol feminino do mundo. A jogadora é um símbolo de resistência no esporte, além de ser a maior artilheira da história da Copa do Mundo feminina. Inclusive, Marta marcou mais gols do que Miroslav Klose, o maior artilheiro de todas as Copas, que anotou 16 gols na competição — enquanto a Rainha, então, fez 18.
Como começou o futebol feminino no Brasil?
Os primeiros registros de futebol feminino no Brasil são dos anos 1920. Alguns jornais mostravam, de maneira muito tímida, sobre partidas amadoras. Aliás, essa modalidade era considerada uma performance, e não uma partida em si.
1940: o jogo que incomodou a sociedade
O ano de 1940 ficou marcado por uma partida de futebol que se tornou uma polêmica no país. Este foi o motivo para a revolta: eram mulheres jogando no Maracanã.
Apesar da ideia do jogo ter sido aumentar a popularidade do futebol feminino no Brasil, o que se viu foi uma revolta contra a prática.
1941: o ano da proibição do futebol feminino no Brasil
Com a repercussão negativa, as autoridades resolveram tomar uma decisão polêmica e que ia contra todas as jogadoras que amavam praticar o futebol no país. Foi quando o futebol feminino no Brasil se tornou proibido pela primeira vez em 1941, por meio de um decreto-lei.
O decreto não citava nominalmente o futebol como um dos esportes que não poderiam ser praticados por mulheres. Porém, o contexto deixava claro que era sobre isso que ele se tratava.
1965: a proibição fica mais detalhada
Os militares estavam no poder do governo quando o decreto voltou a aparecer. Porém, desta vez haviam deixado claro sobre a proibição do futebol feminino no Brasil.
DECRETO-LEI N. 3.199 – DE 14 DE ABRIL DE 1941
“Art. 54. Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país.“
1979: o fim da proibição do futebol feminino no Brasil
Somente em 1979 que o futebol feminino deixou de ser proibido no país. Todavia, a mudança não foi radical, assim como na época da proibição. Apesar de ter sido permitido, a modalidade ficou anos sem investimentos e com pouca visibilidade.
1983: regulamentação
Quatro anos depois do fim da proibição, o futebol feminino conseguiu a sua regulamentação no Brasil. Portanto, passou a ser viável a criação de competições com calendários oficiais, por exemplo.
1996: estreia nas Olimpíadas
Os Jogos Olímpicos de 1996 marcaram a primeira participação da seleção brasileira feminina de futebol em uma edição das Olimpíadas. Aliás, o Brasil terminou na quarta colocação e quase conquistou uma medalha em sua estreia nos Jogos.
1999: terceiro lugar na Copa do Mundo
Com uma equipe repleta de veteranas, a Seleção Brasileira chegou na Copa de 1999 sem muito favoritismo. Apesar disso, conseguiu um terceiro lugar histórico na competição.
Como está o futebol feminino atualmente no país?
O futebol feminino está crescendo cada vez mais e atualmente os clubes do Brasileirão são obrigados a terem uma equipe feminina para poder competir. Além disso, a principal competição de clubes da América do Sul, a Libertadores da América, tem sua edição para as mulheres.
Inclusive, a última final da Libertadores envolveu um dos maiores clássicos do Brasil: Palmeiras x Corinthians. Na ocasião, o jogo terminou em 1×1 para as alvinegras.
Vale ressaltar que o Brasil será a próxima sede da Copa do Mundo de futebol feminino da Fifa, em 2027.