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História do Esporte Clube Vitória: conheça a origem do clube

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O Vitória é um time de futebol brasileiro com sede em Salvador, Bahia. O Vitória é conhecido por sua forte base de jovens talentos, bem como por sua capacidade de superar desafios e se reinventar ao longo dos anos.

Fundado em 1899, inicialmente como um clube de críquete, o Vitória se tornou conhecido principalmente pelo seu sucesso no futebol. Assim, com uma história rica e uma base de torcedores fervorosos, o clube ganhou a alcunha “Fábrica de Talentos”.

O time recebeu o apelido por contar com nomes reconhecidos no futebol nacional, ídolos do Vitória, que iniciaram na categoria de base do clube. Alguns exemplos são Hulk e Dida, atletas que atuaram na seleção brasileira. Além de “Fábrica de Talentos”, o Vitória também é conhecido como “Leão da Barra” e “Rubro-Negro Baiano”, devido às cores do time.

Conheça a história do Esporte Clube Vitória.

Qual é a história do time de futebol Vitória?

Club de Críquete Victória (1899 a 1902)

O futebol moderno teve sua criação na Inglaterra com a formação da The Football Association, cujas regras de 1863 servem de base para o esporte atualmente. Desse modo, o esporte só chegou ao Brasil no final do século XIX, trazido por Charles Miller em meados de 1894. 

Até então, outros esportes britânicos eram populares por aqui. Dentro desse contexto, um grupo de jovens aristocratas da elite baiana, liderados pelos irmãos Valente, Arthur e Arthêmio, fundou o Club de Cricket Victória em 13 de maio de 1899. Naquela época, o críquete era o esporte mais praticado no Brasil.

Ao contrário da crença popular, a data não tem relação com a promulgação da Lei Áurea, que ocorreu 11 anos antes e aboliu a escravidão no país. Assim, trata-se de uma coincidência. O nome “Vitória” vem do bairro onde os jovens moravam, o Corredor da Vitória. Por sua vez, o bairro recebeu esse nome devido à antiga Igreja de Nossa Senhora da Vitória em Salvador, que ainda existe até os dias de hoje. 

A chegada do futebol (1902)

Em 1901, José Ferreira Júnior, o “Zuza”, retornou de uma viagem à Inglaterra trazendo para a Bahia a primeira bola de futebol e um livro de regras. Zuza foi responsável por promover a primeira partida não oficial registrada em Salvador, no Campo da Pólvora, então conhecido como Campo dos Mártires. Além de ter se tornado o principal nome na chegada do esporte na Bahia.

Zuza improvisou um campo de futebol no Campo da Pólvora, marcando o espaço do gol com duas grandes pedras, distantes dez metros uma da outra. Então, mostrou aos amigos a bola de couro que havia trazido da Inglaterra.

Alguns anos depois, Zuza jogou pelo Victória em partidas amistosas. Ainda em 1902, o Victória adotou o futebol como uma de suas modalidades, juntamente com a natação, o atletismo e o remo. 

A integração dos novos esportes resultou na mudança do nome do clube para Sport Club Victória, já que o críquete não era mais o único esporte praticado. Dessa maneira, a nova grafia, “Esporte Clube Vitória”, somente foi adotada em 1946.

Leão da Barra (1902)

Também em 1902, os remadores do Victória realizaram um feito inesquecível, remando do Porto da Barra até o Porto dos Tainheiros, em Itapagipe. A conquista teve tanta repercussão que os atletas receberam o apelido “Leões da Barra”, um nome que futuramente os torcedores de futebol também passaram a utilizar.

Os primeiros títulos (1906 a 1952)

O Vitória iniciou sua história de conquistas no futebol após ter sido vice-campeão nas edições do Campeonato Baiano de Futebol (Baianão) em 1906 e 1907. Assim, no ano seguinte, em 1908, o clube se consagrou pela primeira vez campeão baiano, e o bicampeonato veio no ano seguinte. 

Apesar de ainda viver na era do amadorismo, o Leão da Barra já se destacava entre os profissionais. Contudo, de 1910 a 1952, o Vitória enfrentou um longo período sem títulos, atribuído ao amadorismo e à inconstância da atuação do time. Por exemplo, entre 1913 e 1919, o time não atuou, e em muitos anos não competiu em estaduais. Este foi o pior momento da história do time.

Durante esse período, seu maior rival do Baianão na atualidade, o Bahia, iniciava sua ascensão no futebol nordestino após a fundação em 1931. Os dois times cultivam uma rivalidade de longa data e são os maiores titulares do Baianão, estrelando o clássico Ba-Vi. Desse modo, o Bahia coleciona 50 títulos do campeonato, enquanto o Vitória venceu a competição 30 vezes. 

Apesar dos desafios, o Rubro-Negro Baiano conseguiu conquistar o título de hexacampeão do Torneio Início, tendo vencido em 1926, 1941, 1942, 1943, 1944 e 1949. Este torneio tinha grande relevância na época.

Profissionalização (1952 a 1965)

O Vitória voltou a disputar o Campeonato Baiano na década de 50, quando finalmente resolveu se profissionalizar e investir mais no futebol. 

Foi em 1953 que voltou a vencer o Baianão, agora como profissional. O primeiro Ba-Vi que decidiu o campeonato com o Vitória profissionalizado aconteceu na edição de 1955, com a final acontecendo 1956, no estádio governador Octávio Mangabeira, na ladeira da Fonte, onde o time venceu por 4 a 3. 

No início da década de 60, o Vitória marcou presença com suas primeiras turnês pela Europa, jogando em países de grande destaque no futebol da época, como Bulgária e Alemanha. Ao retornar à Bahia, enfrentou um período de escassez de títulos, voltando a conquistar algo somente em 1964, além do bicampeonato em 1965.

Em 1965, o Vitória participou pela primeira vez de um torneio nacional, a Taça Brasil, que foi a precursora do Campeonato Brasileiro.

Estreia no Brasileirão (1972)

O Vitória fez sua estreia no Campeonato Brasileiro de Futebol em 1972, após ter ficado de fora da edição anterior. Dessa forma, o clube terminou na 20ª colocação, entre 26 equipes, com seis vitórias, dez empates e nove derrotas.

No mesmo ano, o time destacou-se ao enfrentar o Santos de Pelé na Arena Fonte Nova, conquistando uma vitória histórica por 1 a 0. Já em 1973, o Vitória também venceu o primeiro Ba-Vi ocorrido em campeonatos brasileiros, derrotando o Bahia por 1 a 0 também na Fonte Nova. O clube manteve-se invicto contra o rival em competições nacionais até 1977.

“Nêgo” (1981)

O mais famoso grito da história dos torcedores do Vitória, o “Nêgo”, teve sua origem em um erro da torcida durante um jogo contra o Grêmio, válido pelo Campeonato Brasileiro de 1981. Após iniciar o segundo tempo perdendo por 1 a 0, a Vitoraça, torcida organizada do clube, tentou motivar os jogadores com seus gritos. 

Um dos gritos, o “Leeeeão”, seria usado pela primeira vez, mas acabou sendo interpretado de forma diferente. O restante do estádio ouviu errado e começou a gritar “Nêêêêgo”, e desde então esse grito se tornou o mais usado por torcedores nos jogos do Rubro-Negro Baiano.

O Estádio do Barradão (1985)

O estádio Manoel Barradas foi inaugurado com o apoio do então governador João Durval, em 1986. Assim, o nome foi uma homenagem ao sogro de João Durval, em reconhecimento ao apoio financeiro e político prestado, além do fato de Seu Manoel ter sido Conselheiro do clube.

Na estreia do Barradão, o Vitória fez história ao enfrentar o Santos em um jogo amistoso, escolhendo o adversário devido tradição do time, especialmente por contar com Pelé. O placar foi de 1 a 1, e apesar da festa e do jogo inaugural, o Vitória só se tornou mandante do estádio em 1991, já com o Barradão consolidado.

Brinquedo Assassino (1993)

Em 1993, o Vitória alcançou o auge com a formação da equipe que ficou conhecida como “Brinquedo Assassino”. Com recursos limitados para investimentos em contratações e perda de seus principais jogadores do ano anterior, o clube apostou em sua base. 

Nomes como Alex Alves, Dida, Paulo Isidoro, Rodrigo, Vampeta, Pichetti, Roberto Cavalo e Gil Sergipano levaram o Rubro Negro Baiano até a final do Campeonato Brasileiro daquele ano, enfrentando o Palmeiras, que contava com grandes nomes como Edmundo, Edílson Capetinha, Roberto Carlos, Zinho e Evair. 

Apesar do esforço, o Vitória não conquistou seu primeiro título nacional, perdendo para o Palmeiras. Os torcedores ainda contestam os erros do árbitro Renato Marsiglia no primeiro jogo, que influenciaram no placar. Mesmo assim, esse time ficou na memória dos torcedores, marcando um recomeço para o time. 

Tetracampeonato Baiano e Série C (2005)

O Vitória conquistou o tetracampeonato baiano em 2005, alcançado de maneira invicta e inédita. Apesar das conquistas regionais, o time enfrentava dificuldades defensivas. Na Série B daquele ano, o time novamente enfrentou problemas internos e caiu na tabela, embora as chances de rebaixamento fossem baixas.

Era necessário uma combinação de pelo menos quatro resultados negativos para que o Leão fosse rebaixado para a Série C. Infelizmente, o que parecia impossível aconteceu, o Vitória sentiu o amargo de jogar na Série C pela primeira vez em sua história. Vale ressaltar que o principal rival do clube, o Bahia, também caiu na série C no mesmo ano, também pela primeira vez na história.

Campeão da Série B do Brasileirão (2023)

Em 2023, o Vitória fez história e se consagrou campeão da Série B do Campeonato Brasileiro de Futebol (Brasileirão) e foi o primeiro clube a garantir o acesso à Série A de 2024, assegurando a vaga com duas rodadas de antecedência após vencer o Novorizontino por 2 a 1 fora de casa. Esse retorno à principal divisão nacional ocorreu após seis temporadas. 

Dois dias após garantir o acesso, o clube baiano também assegurou o título da Série B, mesmo sem entrar em campo, após o empate do Criciúma, seu concorrente direto. Esse foi o primeiro título nacional na história do clube.