Seja na NBA, nas Olimpíadas, na NBB ou em outras ligas espalhadas pelo mundo, ou então nas quadras públicas, nas ruas e nas escolas — o fato é que o basquete nos cerca e, como um dos esportes mais conhecidos e praticados no mundo, conta com bilhões de fãs.
Mas, para aqueles que ainda não se incluem aí, o basquete é um esporte disputado entre duas equipes de cinco jogadores cada em uma quadra retangular, geralmente coberta em competições oficiais. Desse modo, cada equipe deve marcar o máximo de pontos jogando a bola na cesta do time adversário. Claro, essa é a versão simplificada.
Para além disso, compreender um esporte, principalmente no que diz respeito aos seus princípios e propósitos, vai muito além de saber as regras. Afinal, desde a origem e ao longo da história do basquete, o esporte esteve presente em diversas culturas e transformou a vida de muitas pessoas, especialmente as mais marginalizadas.
Origem e história do basquete
Inventado por James Naismith em 1891 em Springfield, Massachusetts, o basquete iniciou com o propósito de ser um esporte menos propenso a lesões do que outros como o futebol americano e também para condicionar os atletas nos meses mais frios. James era instrutor de educação física na YMCA International Training School, atual Springfield College.
Encarregado de criar um esporte “indoor” para manter os atletas universitários em forma ao longo do inverno norte-americano, ele criou um jogo que consistia em cestas de pêssego e uma bola de futebol. A partir disso, ele criou 13 regras e dividiu sua turma de 18 alunos em duas equipes de nove atletas.
Entre as regras originais temos:
- A bola pode ser lançada em qualquer direção com uma ou duas mãos.
- A bola pode ser combatida em qualquer direção com uma ou duas mãos.
- Os jogadores não podem correr enquanto estiverem com a bola e devem arremessá-la do local onde a pegaram. Há tolerância para quem recebe a bola em movimento.
- A bola só pode ser segurada pelas mãos.
- É proibido empurrar, segurar, tropeçar ou impedir a movimentação de adversários. A primeira infração conta como falta e a segunda desclassifica o atleta até a próxima cesta. Caso tenha a intenção de lesionar o adversário, o jogador será eliminado pelo resto da partida, sem substituição.
- Bater na bola com o punho conta como falta.
- Três faltas consecutivas de qualquer equipe contam como ponto para o adversário.
- Um ponto é feito quando a bola é arremessada do chão para dentro da cesta e permanece lá. Caso a bola fique na borda e os adversários movam a cesta, também conta como ponto para a equipe atacante.
- Se a bola sair de campo ela precisa ser reposta no meio da quadra pelo mesmo jogador que a jogou para fora. Se houver dúvidas o árbitro deve lançá-la para cima no interior do campo de jogo. O jogador possui cinco segundos para repor a bola em jogo, caso segure a bola por mais tempo a lateral será dada para o adversário. Retardar de forma intencional o início do jogo também resultará em falta.
- O árbitro principal anota as faltas e notifica quando três forem cometidas de forma consecutiva por uma equipe.
- O segundo árbitro toma decisões relacionadas à bola e indica quando ela vai estar em jogo, quando sai e a quem pertence. Além disso, ele também irá cronometrar e decidir se houve ponto ou não, bem como contará os pontos.
- A partida deve ser disputada em dois tempos de 15 minutos divididos por um intervalo de cinco minutos.
- A equipe vencedora é aquela com maior número de pontos. Em caso de empate, a partida poderá ser prorrogada até que alguma equipe marque o próximo ponto, tudo em comum acordo entre os capitães.
Com isso, a primeira partida oficial aconteceu em 1892 e contou com cerca de 200 pessoas na plateia. No ano seguinte a primeira partida feminina também ocorreu, dessa vez no Smith College, em Massachusetts.
Formação da FIBA
A International Basketball Federation (FIBA), ou Federação Internacional de Basquete, só foi criada em 1932 por pressão popular para que o esporte tivesse uma organização internacional real, afinal, desde 1920 já existiam jogos internacionais.
Desse modo, o trabalho da organização ajudou a tornar o basquete um esporte olímpico, além de impulsionar o surgimento de ligas e campeonatos mundiais a partir da década de 1940.
História do basquete nas Olimpíadas
A primeira aparição na história do basquete do esporte nas Olimpíadas foi em 1904 nos Jogos Olímpicos St. Louis, porém, apenas como um “esporte de demonstração”. Com isso, a competição contou como uma espécie de campeonato norte-americano, já que participaram apenas equipes dos EUA.
Depois disso, o basquete só foi definido como esporte olímpico após ser incluído como modalidade na edição de Berlim de 1936, sendo apenas para equipe masculina. O basquete feminino infelizmente demorou mais de 40 anos para ser inserido apenas nos Jogos Olímpicos de Montreal em 1976.
Ao longo de toda a história do basquete nas olimpíadas é mais fácil contar as vezes que a seleção masculina dos Estados Unidos não venceu — 1972, 1980, 1988 e 2004 — bem como a seleção feminina, que venceu todas as edições depois de 1984, menos a de 1992.
Inclusive, houve uma época em que as regras da FIBA proibiam que atletas da NBA representassem seus países nas Olimpíadas, pois, de acordo com a própria instituição, eles estavam em um nível muito superior. Mas, como se pode perceber, não adiantou muito, já que a seleção norte-americana contava com grandes estrelas universitárias que ainda não tinham ido para o draft da liga.
Após a regra cair, porém, a equipe formou o famoso “Dream Team” com astros da NBA em 1992, o que resultou em uma equipe invicta que ganhou o ouro após vencer todos os jogos com uma vantagem de aproximadamente 40 pontos.
Como o esporte se popularizou?
A primeira grande popularização do esporte aconteceu na Primeira Guerra Mundial, período em que o basquete se tornou uma prática de descontração comum nos meios militares.
Após isso, o esporte ganhou ainda mais popularidade depois de se tornar um esporte olímpico em 1936. Porém, foi após 1946 com o surgimento da NBA, a liga de basquete profissional mais famosa do mundo, que a popularização tomou proporções gigantescas.
De acordo com uma pesquisa da Nielsen em 2020, o Brasil, por exemplo, conta com aproximadamente 41 milhões de fãs da competição, um número surpreendente considerando que é uma liga internacional e não é futebol.
Por fim, mas definitivamente não menos importante, o basquete de rua também influenciou muito na popularização do esporte, especialmente para oferecer alternativas positivas para jovens atletas em regiões mais vulneráveis.
Qual a história do basquete no Brasil?
Fora dos Estados Unidos, seu local de nascimento, o Brasil foi um dos primeiros países a receber o esporte.
Origem
Tudo começou com a vinda de Augusto Shaw para cá, que após graduar-se em bacharel em Artes na Universidade de Yale, conheceu o esporte.
Após dois anos, em 1896, a Mackenzie College, de São Paulo, enviou um convite para Shaw lecionar na instituição. Empolgado, ele também trouxe consigo uma bola de basquete para apresentar o esporte ao país.
Em um primeiro momento, a popularização do basquete começou pelo público feminino e, com isso, o machismo evidente da época fez com que o público masculino não prestasse muita atenção à prática, o que também ocorria pela febre do futebol entre os homens.
Após insistir muito, Augusto convenceu seus alunos a montar a primeira equipe de basquete masculina do Mackenzie College, isso ainda em 1896. O professor conseguiu acompanhar a difusão do basquete no Brasil, fruto de suas ações, e morou no país até 1914.
Além disso, outros nomes importantes foram Oscar Thompson, professor na Escola Nacional de São Paulo e Henry J. Sims, diretor de Educação Física da Associação Cristã de Moços do Rio de Janeiro.
Primeiros torneios
Os primeiros torneios aconteceram em 1912 no Rio, mais especificamente no ginásio da rua Quitanda nº47. No ano seguinte, a seleção chilena de futebol veio ao Brasil a convite do América Futebol Clube e, com isso, alguns membros da Associação Cristã de Moços de Santiago, que faziam parte da seleção, começaram a frequentar esse mesmo ginásio.
Dito isso, Henry Sims convenceu os diretores do América a organizar uma espécie de “amistoso” entre os chilenos e uma equipe da ACM — que vestiu o uniforme do América na partida.
Surpreendendo a todos, a equipe vencedora foi da ACM por um placar de 5 a 4 e, com isso, a direção do clube adotou o basquete como uma das modalidades esportivas do clube. Desse modo, o clube foi o primeiro em solo brasileiro a incluir o basquete em suas atividades regulares e a formar uma equipe.
As primeiras regras em português foram traduzidas em 1915, mesmo ano em que o ACM realizou o primeiro torneio de basquete na América do Sul. Já em 1919 ocorreu o primeiro campeonato oficializado no Rio de Janeiro, tendo o Flamengo como campeão.
Em 1922 a primeira seleção brasileira de basquete é convocada para comemoração do Centenário do Brasil nos Jogos Latino-Americanos e, com isso, tornou-se campeã pela primeira vez.
Por fim, em 1933 foi fundada a Confederação Brasileira de Basketball no Rio de Janeiro, organização filiada ao Comitê Olímpico Brasil e à FIBA, sendo responsável por formar as seleções brasileiras e desenvolver o esporte no país.