Os últimos calendários da Fórmula 1 estão cada vez mais cheios. Hoje em dia, para se ter uma ideia, são 24 provas, feitas em quatro dos cinco continentes, que estão espaçadas durante o ano, um número bem expressivo. Ele é bem maior do que há duas décadas atrás, por exemplo, quando tinha-se 18 GPs até o fim da temporada. Sendo assim, o GP de Las Vegas, assim como outros torneios mais recentes, não está sendo tão bem-visto pelos pilotos.
Veja o texto a seguir para entender melhor sobre esse assunto. Vamos mostrar como surgiu a corrida nos Estados Unidos, as polêmicas da sua última e as perspectivas para a etapa de 2024.
Os primeiros GPs em Las Vegas
Embora muitos não conheçam essa parte da história, um Grand Prix da modalidade no estado de Nevada já havia sido realizado antes de 2023. Nos anos de 1981 e 1982, ocorreu o GP do Caesar Palace, um “antecessor” do que hoje conhecemos como GP de Las Vegas.
Durante aquelas ocasiões, a corrida foi feita no estacionamento do famoso hotel Caesar Palace, que já apareceu em inúmeros filmes hollywoodianos. Em ambas as temporadas, esse GP fechou o calendário e determinou o campeão. Inclusive, vale lembrar que Nelson Piquet conquistou seu primeiro título nessa pista.
Já em se tratando de vencedores da prova em si, em 1981 o australiano Alan Jones chegou ao final do torneio em primeiro lugar. Enquanto isso, em 1982, foi a vez do italiano Michele Alboreto receber a bandeirada na frente do resto.
O surgimento do GP de Las Vegas em 2023
Mas, afinal, como a ideia de um GP de Fórmula 1 voltaria à tona no estado americano? Tudo se iniciou em 2017, com a compra da categoria pela Liberty Media, que é uma empresa de meios de comunicação social. A partir daí, o “produto” F1, que antes tinha Bernie Ecclestone como CEO, passou a focar constantemente em se expandir, e os Estados Unidos é uma peça-chave nisso, já que boa parte dos americanos não têm muito interesse na competição.
Dessa forma, a empresária Renee Wilm, atual diretora executiva do Grande Prêmio, sugeriu que uma corrida de rua noturna no deserto de Mojave poderia ser bem icônico: “Quando você tem uma corrida desse tipo, não é igual no Estádio Allegiant ou na Arena T-Mobile, é possível captar a cidade inteira com câmeras, helicópteros e tudo mais, e isso coloca tudo em um cenário global”, afirmou Wilm ao jornal USA Today.
O anúncio de que a prova seria feita aconteceu ainda em 2022 e, em questões comerciais, foi um enorme sucesso. Para se ter uma ideia, os dados que a própria Fórmula 1 trouxe sugerem que o impacto do torneio na cidade ultrapassou um bilhão de dólares.
Algumas das polêmicas do Grand Prix
No entanto, por mais que o sucesso econômico exista, o cenário em que a etapa ocorreu não foi o dos mais tranquilos. Vários dos pilotos e das equipes reclamaram da organização. Aliás, logo no evento de abertura, quando os pilotos participaram de um pequeno “show” antes da corrida, houveram diversas críticas, inclusive do campeão mundial Max Verstappen, que disse se sentir “um palhaço”.
Além disso, no primeiro treino livre, o espanhol Carlos Sainz, com menos de dez minutos, acabou por danificar seu SF-23 após passar por cima de uma tampa de bueiro. E a polêmica não parou por aí, já que o piloto teve que trocar peças no carro devido ao acidente e, segundo o regulamento da FIA, isso gera punição, mesmo que as circunstâncias o tenham levado a isso.
Sobre a prova
Mas, afinal, o circuito é ruim? Comparando a corrida com os eventos que a antecederam, no geral, não houveram muitos pontos negativos sobre ela. Inclusive, talvez tenha sido uma das mais emocionantes de 2023.
Depois de ter se classificado em primeiro lugar, por um momento pareceu que o monegasco Charles Leclerc venceria a prova e daria uma pausa na dominância de Verstappen. No entanto, depois de 309.958 quilômetros e 50 voltas percorridas, Max, que largou em terceiro, conseguiu a proeza de subir duas posições e chegar na frente de Charles.
Pode não parecer um feito impressionante, mas é algo bem complicado subir posições em um circuito de rua, afinal, quase não há espaço para ultrapassagem. E o cenário foi ainda mais especial considerando que o holandês conquistou sua 15ª vitória, o que o fez igualar seu próprio recorde de 2022.
Perspectivas para o GP de Las Vegas de 2024
Por fim, é preciso apontar que o evento de 2024 promete ser um pouco diferente, tanto na questão do espetáculo quanto na competição de forma geral.
Sobre o primeiro ponto, a chefe comercial do GP, Emily Prazer, disse que houve certo corte nos gastos. Consequentemente, ocorrerão menos eventos musicais e o show de abertura do último ano provavelmente não existirá. Além do mais, a Autoridade de Convenções e Visitantes de Las Vegas previu que o impacto comercial na cidade de Nevada também será menor, de 250 milhões de dólares.
Já sobre a competição, esse ano Verstappen terá um desafio bem maior. O piloto ainda é líder do mundial, mas não tem mais o melhor carro e está há alguns meses sem vencer uma corrida. Enquanto isso, a McLaren de Lando Norris tem feito uma ótima segunda metade de temporada e é possível que chegue como favorita, lembrando que Lando está em segundo lugar na classificação geral e ainda pode vencer o campeonato, portanto, as chances de drama são altas.