A cidade de Tóquio, no Japão, foi palco dos Jogos Olímpicos em 2021. Mas, infelizmente, assim como em todo o mundo, foi uma cidade que viu sua população ser obrigada a ficar em casa devido a pandemia de Covid-19. Isso não foi uma pena apenas porque os Jogos, adiados em um ano, foram um espetáculo praticamente sem público; e sim porque a medalha olímpica que Alison dos Santos ganhou merecia uma grande plateia.
O menino de São João da Barra tinha apenas 21 anos quando marcou os 46s72 na final dos 400m com barreiras, garantindo, assim, a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos Tóquio 2021 e o recorde sul-americano do evento.
Com esse tempo, na verdade, ele teria vencido facilmente qualquer edição anterior da modalidade em Olimpíadas. No entanto, o novo recorde mundial do norueguês Karsten Warholm de 45s94 o deixou “longe” do ouro. Já a prata ficou com o norte-americano Rai Benjamin e seus 46s17.
Mas isso era o de menos. O importante era a conquista histórica do bronze olímpico. Aquela foi a primeira medalha do atletismo brasileiro naquela edição dos Jogos – e a 18ª na modalidade desde a primeira, ganha por Adhemar Ferreira dos Santos em 1952.
A trajetória rumo à medalha olímpica de Alison dos Santos
Também conhecido como Piu, Alison Brendom Alves dos Santos começou no mundo do atletismo por meio do Instituto Edson Luciano Ribeiro – idealizado pelo duas vezes medalhista olímpico do 4x100m rasos que nomeia o projeto.
Curiosamente, a princípio ele treinava salto em altura. No entanto, aos 16 anos, já competia nos 400m com barreira e nos 400m rasos. Sua evolução no esporte foi impressionante. Aos 19, Piu conquistou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, marcando 48s45 nos 400m com barreira.
Em Doha, no Catar, Alison conheceu seus dois rivais olímpicos: Warholm e Benjamin. Na ocasião, ele chegou às finais da prova, mas ficou apenas com a sétima colocação. Contudo, ele entrou no radar dos corredores. Com o ano de 2020 e os lockdowns, Alison dos Santos ficou um período afastado dos treinos. No entanto, voltou com tudo em Tóquio 2021, trazendo na mala a medalha de bronze e o recorde sul-americano.
O melhor, porém, ainda estava por vir. Em 2022, ele se tornou o campeão mundial dos 400m com barreiras e viu Rai Benjamin ficar apenas em segundo lugar. O rival Karsten Warholm, que havia ficado com o ouro olímpico, amargou a 7ª colocação e observou de longe Piu quebrar o próprio recorde sul-americano com 46s29.
Além de seu carisma e simpatia, Alison dos Santos também é conhecido pela cicatriz que tem na cabeça, braço esquerdo e peito. Elas são fruto de um acidente doméstico envolvendo uma panela de óleo quente que ele sofreu quando tinha apenas dez meses.
Já o ano de 2023 não foi dos melhores para o corredor, que sofreu com lesões. Agora em 2024, Alison dos Santos segue com força. Piu abriu a temporada com uma vitória folgada no Diamond League Doha em maio e vem se preparando para os Jogos de Paris.