Os Jogos Olímpicos podem acontecer em Paris, mas eles bem poderiam se chamar “Olimpíadas da Bahia”. Afinal, na delegação brasileira, 15 participantes vêm do estado. Nomes como Isaquias Queiroz, Ana Marcela, Jacky Godmann e outros representam o estado na terra do croissant. E Keno Marley vem engrossando a lista.
Com 24 anos recém-completados, o pugilista chega para sua segunda participação olímpica – a primeira foi em Tóquio. E o foco não poderia ser outro além do ouro. “Em Tóquio eu fiz uma boa campanha, faltou um pouquinho para a medalha, e isso me motivou mais ainda”, declarou em entrevista ao portal Uol Esporte em julho de 2024.
O interesse pelo boxe vem dos filmes, sobretudo aqueles com Muhammad Ali. Quando criança, Keno fazia parte de um grupo de escoteiros. Então, ao descobrir que um dos instrutores dava aulas de boxe, ele participou de um por curiosidade. E foi amor ao primeiro treino.
Aos 13 anos, ele saiu da Bahia e mudou-se para São Paulo a fim de se dedicar integralmente ao esporte. E os títulos vieram com sua maioridade. Em 2018, ele foi ouro nos Jogos da Juventude, em Buenos Aires, na Argentina – seu primeiro título de relevância internacional – na categoria dos meio-pesados.
Fora dos ringues, Keno Marley enfrentou seu oponente mais difícil: a depressão
No ano seguinte, foi a vez de ganhar a prata no Pan-Americano de Lima, no Peru. E logo veio a sua primeira chance olímpica. No entanto, enquanto se preparava para Tóquio, Keno Marley recebeu um golpe que quase o levou à lona – e fora dos ringues. O irmão e um dos maiores incentivadores do pugilista foi vítima de um assassinato.
Com a ajuda de sua equipe de treino e profissionais especializados, ele superou a tristeza e seguiu em frente. Mas quis a vida que seu caminho no esporte fosse mais tortuoso e, pouco depois de perder o irmão, o primo de Keno, outro importante incentivador de que ele se tornasse atleta olímpico, também faleceu.
Tudo parecia conspirar para que o baiano abandonasse de vez o esporte. Mas não foi o que aconteceu. Nas palavras do próprio atleta, “o boxe me ajudou a vencer a depressão“, declarou ao jornal “A Tarde”.
Assim, em 2021, nos Jogos de Tóquio, ele terminou em quinto lugar, após perder para o britânico Ben Whittaker. No ano seguinte, Keno subiu de categoria, passando a lutar como peso-pesado, e foi medalha de prata nos Jogos Sul-Americanos em Assunção, no Paraguai.
O caminho rumo aos Jogos de Paris
Em 2023, o baiano conquistou o ouro no torneio Belgrado Winner, na Sérvia, e no Mundial da Bulgária. Além disso, no Pan de Santiago, no mesmo ano, o brasileiro ganhou mais uma prata. Foi no Pan, inclusive, que ele garantiu sua vaga nos Jogos de Paris, e sem nem subir no ringue. Com a desclassificação de Bryan Colwell, o brasileiro automaticamente foi classificado.
Keno Marley é o primeiro da equipe de boxe brasileira a subir no ringue na Olimpíada de 2024. No dia 28 de julho, ele enfrentou o britânico Patrick Brown na categoria peso-pesado (até 92 quilos), já pelas oitavas de final, garantindo o primeiro trunfo do Brasil no esporte.
O pugilista avançou para a próxima fase da competição com o score de 4 a 1. Assim, ele já tem vaga garantida nas quartas de final, ficando a apenas uma vitória de disputar pelo menos a medalha de bronze nos Jogos de Paris.
O próximo oponente de Marley será Lazizbek Mullojonov, do Uzbequistão, no dia 1º de agosto. Caso ganhe novamente, as semifinais serão no dia 4 de agosto. Em seguida, no dia 9, acontece a grande final e a entrega das medalhas.
Todos os jogos e eventos da Olimpíada de Paris são transmitidos ao vivo diretamente pelo próprio site do evento, o Olympics.com. Além disso, o canal de TV por assinatura e streaming SporTV também transmite as partidas. Por fim, os jogos e competições podem ser acompanhados online por meio da CazéTV.
