Um dos principais nomes do judô feminino na França, Clarisse Agbegnenou mostrou nos Jogos Olímpicos que sua fama não vem à toa. A judoca fez uma campanha praticamente impecável em casa, derrapando apenas nas quartas de final após perder para eslovena Andreja Leski. Com isso, a francesa ficou “apenas” com a medalha de bronze, após vencer a austríaca Lubjana Piovesana.
No entanto, as primeiras lutas de Clarisse foram marcantes. Sua primeira luta foi contra Gili Sharir, atleta de Israel, a quem a atleta francesa derrotou sem maiores dificuldades com um wazari. Triste que, nas oitavas de final, o caminho de Agbegnenou cruzou o da brasileira Ketleyn Quadros, que saiu derrotada do tatame.
Em seguida, nas quartas, Clarisse mandou Laura Fazliu, do Kozovo, de volta para casa em uma vitória espetacular. Com apenas 34 segundos de luta, a francesa encaixou um ippon na atleta kosovar. De olho na disputa pelo ouro, Clarisse Agbegnenou precisava derrotar a judoca da Eslovênia para garantir uma vaga na final.
No entanto, Andreja Leski interrompeu esse sonho. Então, restou para a francesa a disputa pelo bronze, e ela não perdeu a oportunidade de ganhar mais uma medalha, derrotando Lubjana Piovesana na Arena Champ-de-Mars.
A história de Clarisse Agbegnenou
Se teve uma coisa para a qual Clarisse Agbegnenou nasceu foi lutar. Nascida prematuramente, ela e seu irmão gêmeo precisaram ficar semanas no hospital. Agbegnenou chegou a passar por uma cirurgia renal e ficou em coma.
Mas a menina era uma lutadora nata. “Eles [os médicos] até perguntaram aos meus pais se podiam me desligar, mas eles queriam esperar um pouco mais, e um dia eu acordei de repente”, contou a atleta em entrevista ao site Olympics.com. Desde criança, então, ela passou a treinar judô como forma de focar sua energia em algo bom.
Ainda adolescente, aos 16 anos, passou a fazer parte do Instituto Nacional de Esporte, Expertise e Performance (Insep), instituição dedicada a treinar atletas de elite da França. Os esforços de Clarisse valeram a pena. O primeiro título veio em 2012: um bronze no Campeonato Europeu de 2012.
Desde então, Agbegnenou basicamente não deixou os pódios, tornando-se dona de cinco títulos europeus e seis mundiais. Isso sem contar as Olimpíadas! Nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, Clarisse Agbegnenou foi prata após perder para Tina Trstenjak na final. As duas se reencontraram para uma “revanche” na Olimpíada de Tóquio 2020, e, dessa vez, a francesa não deixou passar: derrotou a adversária e tomou o ouro para si.
Mesmo sem o ouro em Paris, a judoca alcançou uma conquista e tanto. A francesa deu à luz a sua filha em junho de 2022. Quando voltou a competir, em 2023, ela queria continuar amamentando a criança. Assim, ela deu início a uma verdadeira batalha pelo direito das mães em competições.
Primeira, ela conseguiu quebrar a regra da Federação Internacional de Judô que proibia a presença dos filhos na sala de aquecimento. Em seguida, sua luta continuou, e outras atletas se uniram à causa.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) acatou, assim, o pedido delas e disponibilizou um local reservado perto da Vila Olímpica dedicado às atletas que estão amamentando. Parceiros também são permitidos no local e podem ficar com as crianças enquanto as mães estão nas competições.