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A história e a importância da família Grael na vela brasileira

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Falar nas competições de vela olímpica é lembrar da família Grael. No entanto, a ligação entre o esporte e o sobrenome é ainda mais íntima. Isso porque é impossível separar a história da vela no Brasil da história dos Schimidt. Não entendeu? Conheça melhor esse caso de família a seguir.

Preben Schmidt e o início de tudo

Apesar de pouco conhecido do público geral, o nome do dinamarquês Preben Schmidt é bem popular entre os estudantes de arquitetura. Afinal, após chegar ao Brasil em 1924, ele foi uma das pessoas por trás de obras como a Ponte do Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e o Elevador Lacerda, na Bahia.

Apaixonado por velejar, Preben também era famoso por construir pequenas embarcações em seu tempo livre. Mas tudo era apenas por diversão. O engenheiro teve cinco filhos em solo brasileiro e, destes, três encararam o amor pelos barcos de forma bem séria. O Iate Clube Brasileiro, em Niterói, no Rio de Janeiro, viu Margarete, Axel e Erik Schmidt serem os primeiros nomes da vela competitiva no país.

Para começar, Margarete foi pioneira na vela entre mulheres, competindo – e vencendo homens – em importantes torneios. Axel e Erik, por sua vez, foram tricampeões mundiais nos anos de 1961, 1963 e 1965. Eles também foram os primeiros da família a participar dos Jogos Olímpicos, terminando em sétimo na categoria Star no México, em 1968, e em sexto na categoria Soling nos Jogos de Munique 1972.

Infelizmente, Axel faleceu em 2018. Contudo, Erik, mesmo com mais de 80 anos, ainda veleja sempre que possível. 

Os Schmidt se tornam a família Grael

Apesar de não competir na vela, Ingrid, irmã de Margarete, Axel e Erik, encontrou seu amor no esporte, literalmente. Ela casou com Dickson Grael e, juntos, tiveram Torben e Lars. Assim, o agora famoso sobrenome entrou para a história do esporte também. 

Axel e Erik transmitiram todo o seu conhecimento para seus sobrinhos, que não só aprenderam tudo, como ainda deram continuidade à tradição náutica da agora chamada família Grael. 

Torben e Lars Grael, a segunda geração de campeões

Torben foi o primeiro a dar continuidade ao legado de seus tios, iniciando, pouco depois, seu irmão Lars e, assim, os dois se tornaram importantes nomes da vela mundial. Em 1984, Torben conquistou a primeira medalha olímpica para a família, ao ganhar a prata na classe Soling nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. 

Dessa forma, ele deu mais um passo rumo a uma brilhante sequência de vitórias olímpicas dos Grael. Em Seul 1988, Torben se uniu a Lars para mais uma conquista olímpica: ambos foram medalhas de bronze, ainda que em categorias distintas. Torben e Nelson Falcão venceram na classe Star, enquanto Lars e Clínio de Freitas ficaram em terceiro lugar na Tornado.

Torben ainda conquistou outras três medalhas na classe Star, agora velejando ao lado de Marcelo Ferreira. Em Atlanta 1996, a dupla ganhou a primeira medalha de ouro da família Grael, mesmo ano em que Lars ganhou mais um bronze na Tornado. No ano 2000, os dois foram prata em Sidney e nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. Novamente, eles ficaram no topo do pódio com mais uma medalha de ouro.

O acidente de Lars Grael

Infelizmente, nem tudo são celebrações na história da família Grael. Em 1998, Lars Grael sofreu um grave acidente durante a Taça Cidade de Vitória, na praia de Camburi. O velejador havia estreado com vitória em seu primeiro dia de competições. Contudo, no dia seguinte, Lars e seu companheiro de equipe, Anders Schmidt, aguardavam a largada quando uma lancha invadiu a área de competição.

Mesmo quem não acompanha o esporte de perto não pode deixar de se surpreender com o que viria a seguir. Após colidirem com a embarcação, os dois foram jogados na água, e Lars, então com apenas 34 anos, foi atropelado pela lancha. 

O atleta teve sua perna decepada na altura do fêmur pelas hélices e foi removido com urgência para o hospital. Contudo, os médicos informaram que não havia possibilidade de reimplante do membro.

A nova geração da família Grael

O acidente de Lars Grael não diminuiu o amor dos Grael pela vela e muito menos os afastou das competições. Martine Grael, filha de Torben, cresceu ouvindo os ensinamentos do tio, Erik, e as proezas do pai. Naturalmente, ela seguiu os passos dos familiares com sucesso. 

Aos 25 anos, Martine conquistou o ouro em sua estreia em uma Olimpíada. E o local não poderia ser melhor: a baía de Guanabara, nos Jogos do Rio 2016, a mesma baía que tantas vezes viu seus familiares riscarem as águas cariocas. Junto a Kahena Kunze, Martine Grael foi campeã da classe 49er FX. 

Quatro anos depois, a dupla subiu novamente ao topo do pódio. Martine e Kahena se tornaram bicampeãs olímpicas na mesma categoria, após vencerem em Tóquio 2020, igualando-se ao pai de Martine, Torben. As águas de Tóquio ainda viram outro Grael em ação: Marco e seu companheiro de equipe, Gabriel Borges, ficaram em 16º lugar em sua estreia olímpica na classe 49er.

Enquanto Martine e Kahena tentarão o tricampeonato na marina de Marselha, na França, mais um integrante da família Grael desponta. Nicholas é filho de Lars e treina para ser a quarta geração vencedora. Hoje com 27 anos, o jovem já conquistou vários títulos nacionais.

As medalhas da família Grael

Entre os Jogos Olímpicos de Montreal, em 1976, e Tóquio 2020, os velejadores brasileiros só não estiveram no pódio na Olimpíada de 1992, em Barcelona. Ao todo, são 19 conquistas olímpicas no esporte, e a maioria delas é da família Grael.

Ao todo, são nove medalhas olímpicas:

Torben Grael

  • Prata em Los Angeles, 1984 
  • Ouro em Atlanta, 1996 
  • Bronze em Seul, 1988 
  • Bronze em Sydney, 2000 
  • Ouro em Atenas, 2004 

Lars Grael

  • Bronze em Seul, 1988
  • Bronze em Atlanta, 1996 

Martine Grael

  • Ouro no Rio de Janeiro, 2016
  • Ouro em Tóquio, 2021