A origem do snowboard remonta ao final dos anos 1920 com Jack Burchett, que em 1929 cortou uma placa de madeira compensada e usou rédeas de cavalo para prender os pés. Mesmo sendo uma ideia pioneira, o invento não se popularizou. Mais tarde, Tom Sims, durante um projeto de faculdade, criou uma prancha de esqui, mas essa inovação também não deslanchou inicialmente.
Foi somente em 1965 que um homem chamado Sherman Poppen, do Michigan, criou uma novidade para brincar na neve com os filhos. Ele resolveu unir dois esquis e mudar a forma de fixar os pés neles. O “brinquedo” fez sucesso e Poppen licenciou o projeto, ao qual ele deu o nome de snurfer, vendendo várias unidades na época.
No entanto, foi na década de 1970 que um surfista chamado Dimitrije Milovich criou a prancha de snowboard mais parecida com a que conhecemos hoje. Dimitrije era famoso por usar as bandejas da lanchonete da faculdade para descer as encostas nevadas da região em que estudava em Iowa, nos Estados Unidos.
Um dia, ele começou a produzir um dispositivo para surfar na neve. Assim, Milovich desenvolveu pranchas com bordas de ferro, similares ao longboard, que possuíam uma corda na frente que o usuário utilizava para controlar o equipamento.
O surgimento e a história do snowboard moderno
Alguns anos após a ideia de Dimitrije Milovich se popularizar, ele deu uma entrevista para uma famosa revista norte-americana, que mostrou sua criação em detalhes. O sucesso foi tamanho que o jovem surfista largou a faculdade e se mudou para Utah, um dos paraísos para os amantes de esportes na neve nos Estados Unidos, a fim de se dedicar ao invento.
Enquanto isso, outro norte-americano começou a produzir suas próprias pranchas, agora utilizando fibra de vidro e madeira. Jake Burton Carpenter foi o responsável por desenvolver as primeiras tecnologias ligadas à prática e criou uma das mais famosas marcas de snowboard: a Burton.
No entanto, na época, era difícil encontrar locais para a prática do esporte. Nos anos 1985, por exemplo, existiam cerca de 600 parques de esqui nos Estados Unidos. Destas, apenas 39 permitiam que snowboarders utilizassem as pistas. Por outro lado, também foi neste ano que surgiu a primeira revista especializada no assunto, a Absolute Radical.
A profissionalização do snowboarding
Ainda no começo dos anos 1980, alguns campeonatos de snowboard aconteceram. Mas eles consistiam basicamente em demonstrações de truques com a prancha e corridas. Nos anos 1990, a Federação Internacional de Snowboard (ISF, na sigla em inglês) foi criada. No mesmo período, muitas das estações de esqui passaram a liberar a entrada de snowboarders.
A esta altura, o esporte já havia se popularizado no mundo inteiro — inclusive em países que sequer tinham neve, como o Brasil. Tanto que, em 1994, o país recebeu o 39º Congresso Internacional de Esqui. Foi durante o evento que o Comitê Olímpico Internacional (COI) aprovou a modalidade como esporte olímpico.
A história do snowboard nas Olimpíadas
Com a inclusão do snow dentre as modalidades olímpicas, o esporte passou a fazer parte também daqueles regidos pela Federação Internacional de Esqui (FIS, na sigla em inglês). O snowboarding fez sua estreia nos Jogos Olímpicos de Inverno de Nagano, no Japão, em 1998.
Na época, participaram atletas de apenas duas categorias: o halfpipe e o slalom gigante, tanto masculina quanto feminina. O suíço Gian Simmen e o canadense Ross Rebagliati venceram entre os homens, enquanto a alemã Nicola Thost e a francesa Karine Ruby levaram as medalhas entre as mulheres.
Hoje em dia, este esporte olímpico se divide em mais categorias. Entenda as regras do snowboard:
Slalom Paralelo (PSL)
Nessa categoria, dois atletas percorrem simultaneamente percursos paralelos de slalom. O trajeto é indicado por bandeiras dispostas de forma próxima. A depender da diferença do tempo entre os dois competidores, uma segunda largada é definida.
Slalom Gigante Paralelo (PGS)
Assim como no PSL, no PGS dois competidores descem simultaneamente em percursos paralelos. Contudo, agora as bandeiras são mais espaçadas. Isso dá aos atletas a possibilidade de ganharem mais velocidade. Também é a diferença do tempo dos competidores na primeira descida o que determina a segunda largada.
Snowboard Cross (SBX)
A modalidade acontece em uma pista de até 1,2 km de extensão, com obstáculos como curvas, saltos, banks, rollers e U-tangs. Na parte qualificatória, os competidores realizam descidas de forma individual e o tempo determina o rankeamento.
As disputas finais contam com aqueles que se classificaram disputando baterias eliminatórias de quatro ou seis atletas. Apenas os dois ou três melhores colocados avançam na competição, até que reste apenas o vencedor.
Halfpipe (HP)
A prova faz parte do programa freestyle, ou estilo livre, e é uma das mais famosas do snowboard. Nela, o atleta realiza manobras em uma pista no formato de U e vence aquele que recebe a melhor nota.
Slopestyle (SS)
Assim como o halfpipe, o Slopestyle também é do programa de estilo livre, composto por descidas, nas quais os atletas realizam manobras. E, assim como o HP, vence aquele que tiver as melhores notas. No entanto, a diferença entre os dois está no fato de que o SS acontece em uma pista maior, que conta com obstáculos diversos, além das rampas inclinadas.
Big Air (BA)
A terceira prova freestyle estreou nos Jogos Olímpicos de PyeongChang, em 2018. A prova consiste em partir de uma rampa de aceleração para, em seguida, descer uma megarrampa. Então, o atleta deve realizar uma manobra única, de grande amplitude e que tenha forte impacto visual. Novamente, a medalha é decidida pela combinação de notas dos juízes.
O snowboard brasileiro
Apesar de no Brasil não ter neve, a história do snowboard no país começou em 1995, quando aconteceu o primeiro Campeonato Brasileiro de Snowboard no Valle Nevado, no Chile. No mesmo ano, o país também participou de sua primeira competição internacional, também realizada no Chile.
Foi no snowboard que o Brasil conquistou sua primeira medalha em uma Olimpíada de Inverno. O jovem Zion Bethonico ganhou o bronze no snowboard cross dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon, realizado no início de 2024.
Já o melhor resultado verde e amarelo nos Jogos Olímpicos adultos pertence à Isabel Clark. Ela terminou na 9ª colocação no snowboard cross nos Jogos Olímpicos de Inverno de Turim, em 2006.
