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A evolução do futebol feminino

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Ao longo das últimas décadas, o mundo vem acompanhando a evolução do futebol feminino em todo o mundo. O que antes era marginalizado e muitas vezes subestimado, transformou-se em um fenômeno global, ganhando reconhecimento, investimento, além de uma base de fãs significativa. 

Como aconteceu a evolução do futebol feminino?

Proibição no mundo

O primeiro registro histórico da prática feminina de futebol remonta a 1895, quando uma partida foi disputada pelo time inglês “Mrs. Graham’s XI”. Durante a Primeira Guerra Mundial na Inglaterra, as mulheres começaram a ocupar espaços tradicionalmente masculinos em diversos setores, incluindo o esporte. 

Com a convocação dos homens para o serviço militar e a suspensão temporária da liga de futebol inglesa devido à guerra, as mulheres preencheram as vagas deixadas nas fábricas e também se destacaram nos torneios de futebol organizados entre as operárias.

O crescente interesse pelo futebol feminino gerou preocupação entre os líderes e membros da federação inglesa de futebol, que temiam que o esporte praticado por mulheres pudesse prejudicar a visibilidade do futebol masculino no pós-guerra. Em resposta, em 1921, a instituição inglesa The Football Association (FA) proibiu a prática de futebol feminino nos campos filiados à federação.

Essa proibição foi justificada sob a alegação de que o futebol feminino poderia ser prejudicial à saúde e à fertilidade das mulheres. Tal restrição se estendeu pela Europa e só foi revogada em 1969, após pressão da FIFA.

Proibição no Brasil

As primeiras partidas de futebol feminino no Brasil datam da década de 1920, conforme registros históricos. Na mídia da época, a prática era mencionada de forma discreta e muitas vezes era tratada como uma curiosidade, comparável a um espetáculo de circo. Desde então até a década de 1940, o futebol feminino era marginalizado, principalmente sendo praticado em áreas periféricas.

Ao contrário de outras nações, o governo brasileiro tomou uma medida mais radical, proibindo completamente o esporte por meio de um decreto durante o mandato de Getúlio Vargas, em 1941. Essa decisão foi uma resposta ao crescente interesse pelo futebol feminino nas décadas de 1930 e 1940.

O artigo 54 do decreto declarava que “Às mulheres não será permitida a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza.” Essa medida refletia a preocupação do governo brasileiro, semelhante à dos ingleses, de que o esporte prejudicaria a fertilidade feminina.

Apesar das restrições, algumas mulheres apaixonadas pelo futebol demonstravam resistência e, na tentativa de contornar as leis, se vestiam como homens para poder jogar. Na sociedade conservadora da época, a prática do futebol feminino era repudiada, com a crença de que homens e mulheres deveriam ter papéis distintos na sociedade.

A trajetória do futebol feminino no Brasil foi marcada pela resistência e paixão pelo esporte. A proibição persistiu por 38 anos, e somente em 1979 o futebol feminino foi legalizado no país.

Mesmo décadas após sua legalização, as consequências da repressão e proibição ainda são sentidas pelas mulheres. Os anos perdidos prejudicaram o desenvolvimento do esporte, e o futebol feminino continua a enfrentar desafios para obter o mesmo reconhecimento e valorização concedidos à prática masculina.

A 1ª Copa do Mundo

A 1ª edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino foi sediada na China, em 1991, ocorrendo após anos de proibição e 61 anos desde o primeiro mundial masculino. Na época, o time masculino do Brasil já contava com três títulos conquistados. 

Os Estados Unidos, que acumulam quatro títulos das oito edições disputadas, foram o país campeão do primeiro mundial, com a ajuda da jogadora Mia Hamm em duas oportunidades. Enquanto isso, o Brasil garantiu duas medalhas em mundiais, ficando em terceiro lugar em 1999 e em segundo lugar no ano de 2007 e segue na busca pelo título mundial.