A Ponte Preta é uma equipe historicamente envolvida com causas sociais, a qual oficializou seu mascote a partir de ofensas racistas de seus adversários. O clube do interior de São Paulo não só enfrentou o preconceito racial no futebol em meio ao conservadorismo, como assumiu para si uma identidade invalidada. Saiba como surgiu a “macaca”!
Breve contexto histórico
A Associação Atlética Ponte Preta é um dos clubes brasileiros pioneiros. Sua fundação aconteceu em 11 de agosto de 1900, isto é, rendendo ao time o feito de ser apenas a segunda equipe criada na história do futebol brasileiro.
Aliás, em 1970, a Ponte foi a primeira equipe do interior do estado de São Paulo a participar do Campeonato Brasileiro, que contava com 16 clubes. Aliás, aquela edição ainda tinha como nome oficial “Torneio Roberto Gomes Pedrosa”, popularmente conhecido como “Robertão”, descontinuado a partir de 1971.
Assim, o pioneirismo faz parte da história do clube. Além do feito citado, outra característica se destacou ao longo dos anos: a luta contra o racismo no futebol. Um dos fundadores da Ponte Preta foi Miguel do Carmo, também conhecido como o primeiro jogador negro do futebol brasileiro.
Como resultado, a Ponte passou a integrar outros atletas não-brancos em seu elenco. No entanto, isso rendeu inúmeras ofensas por rivais da região, as quais eram direcionadas aos torcedores e jogadores. Mesmo assim, a equipe se manteve com seus ideais, tendo, inclusive, vencido a Liga Operária Campineira com apenas 12 anos de existência e contando com três jogadores negros na escalação.
Primeiro mascote da Ponte Preta
Com o passar do tempo, o futebol se tornou um esporte popular. Como resultado, a Ponte Preta saiu de Campinas para realizar partidas em outras regiões. As festas em comemoração após as vitórias, porém, também eram rodeadas de muito preconceito, o que rendeu os apelidos de “macaco” e “macacada”.
No entanto, ao contrário do que os adversários esperavam, essas ofensas se transformaram em resistência para jogadores e torcedores. Como resultado, a Ponte Preta adotou a “macaca” como apelido, se tornando mascote da equipe.
Tentativa de alteração de mascote
Em 2015, então, surgiu a ideia de mudar, de forma oficial, o mascote da Ponte Preta. Isso porque, uma representação de gorila já fazia aparições em jogos em casa, embora a macaca já estivesse no imaginário popular. Naquele ano, quiseram oficializar a outra espécie, mas a ideia não foi aceita pelos seus torcedores.
Devido à rejeição, a Ponte Preta decidiu manter o gorila como representante apenas no Campeonato Paulista de 2016, permanecendo com a mascote original.
“A diretoria da Ponte Preta esclarece que a Ponte é e sempre será a Macaca querida. O que mudou foi o mascote na Federação Paulista, aquele que entra em campo em dia de jogo: aliás, o torcedor já está acostumado e gosta de ver as peripécias do Gorila no gramado”.
Depois disso, a Ponte Preta criou algumas ações envolvendo o gorila, símbolo recente, e a macaca, a mascote oficial. Na narrativa criada, houve um casamento entre os animais, o qual resultou em um casal de filhos.